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terça-feira, 10 de agosto de 2010

-" O lado oculto do 25 de Abril "

Batalhas Esquecidas
NA MARINHA DO MALAWI, AO SERVIÇO DE PORTUGAL

Durante seis anos, o Antigo Regime dominou por completo a armada de um país que faz fronteira com Moçambique, numa guerra secreta que deu muitos frutos.

Serafim Lobato
(Jornalista, Licenciado em História, Mestre em estudos
Portugueses pela Universidade Aberta)

A Marinha de Guerra do Malawi foi comandada e orientada, entre 1968 e 1974, por oficiais da Armada portuguesa. Estes não representavam oficialmente, o executivo de Lisboa. Agiam como “desertores”, classificação informal que adquiriam ao “abandonar” a “Briosa” para se transferirem, de armas e bagagens, para o “outro lado”. Na realidade, estavam em total consonância com a hierarquia castrense. Ao serviço do Estado lusitano.
Foi a operação “secreta” mais prolongada e eficaz do Antigo Regime nas colónias portuguesas, nos 13 anos de guerra. Não existem documentos oficiais já desclassificados que confirmem esta aventura longa de sete anos. São os protagonistas que as descrevem.

O Malawi, a antiga colónia britânica do Niassalândia, não tem saída para o mar. A sua grande bacia hidrográfica é o lago Niassa, que serve três países – além daquele, também a Tanzânia e Moçambique, hoje todos independentes. Na altura, a questão central era de natureza militar. Deste modo, o gigantesco lago africano adquiriu, nesse enquadramento geo-político, uma relevante importância estratégica.

Os marinheiros portugueses agiam como desertores autorizados

O Malawi e a Tanzânia ascenderam à independência, mas optaram por vias diferenciadas. O primeiro, tendo Hastings Kamuzu Banda como primeiro Chefe de Estado, seguiu o nacionalismo conservador pró-ocidental. O segundo, liderado por Julius Nyerere, defendeu o nacionalismo progressista, terceiro-mundista, buscando apoios, essencialmente, na antiga União soviética e na China. O regime tanzaniano era o “santuário” de retaguarda da FRELIMO (a Frente de Libertação de Moçambique), que lutava pela independência do território desde 1964.
A operação “encoberta” iniciou-se em 1968. Após negociações, Portugal e o Malawi acertaram a troca de uma lancha de fiscalização pequena (LFP), sediada em Matangula (Lago Niassa), para um porto do mesmo lago em Nkata Bay.
No dia aprazado, realizou-se uma cerimónia especial em Metangula – o nome oficial da povoação era Augusto Cardoso – para a transferência da lancha. Um documento oficial – aliás, o único que foi possível consultar – existente no Arquivo da Marinha de Guerra regista a cerimónia.
Em augusto Cardoso, a “castor”, que foi baptizada com o nome de John Chilembwe (nome de um herói do país), foi entregue na presença de entidades dos dois países.

Socorremo-nos de citações copiadas do documento, pois não nos foi permitido fotocopiar: “A 5 de Agosto de 1968, em Augusto Cardoso/Metangula, e conforme notas diplomáticas tomadas entre Portugal e o Malawi”, foi a lancha de fiscalização “castor”, da Armada portuguesa, transaccionada “por empréstimo”.
Na cerimónia, Portugal estava representado pelo então comodoro Tierno Bagulho, Comandante Naval de Moçambique, e “em representação” do governo do Malawi, aleke Banda, ministro da economia e presidente do ‘Malawi Youngers Pioneers’. Tudo muito formal.
À margem desta história, recorde-se que Tierno Bagulho, que ocupou depois o cargo de Presidente do Supremo Tribunal Militar, foi um dos três oficiais-generais das Forças Armadas que se recusaram, em Março de 1974, após o “Golpe das Caldas”, a participar no chamado “Beija-mão” ao então presidente do Conselho de Ministros, Marcello Caetano. Os outros dois foram Costa Gomes e António de Spínola, então, respectivamente, os cargos de chefe e vice-chefe do Estado Maior General das Forças Armadas. Os três já faleceram.

O comando da nova lancha ‘John Chilembwe’ vai ser assumido por um jovem oficial “desertor” da Armada portuguesa: Manuel Agrelos, já investido nas novas funções aquando da cerimónia em Matangula. É, agora, primeiro-tenente da Marinha do Malawi, quando o seu posto na Armada portuguesa, era segundo-tenente da Reserva Naval. Manuel Alexandre de Sousa Pinto Agrelos, engenheiro, era o comandante da lancha ‘Mercúrio’. Cumpria o serviço militar em Moçambique
Já civil, Agrelos descreveu a sua “aventura” num relatório privado que fez, nos anos 80 do século passado, e entregou à comissão COLOREDO (a comissão da Marinha de Guerra, que recolheu dados e informações sobre a actividade nas antigas colónias, que, estranhamente, se encontram ainda sob a chancela de classificados.
Na cerimónia de Metangula, o oficial português mandou arriar a bandeira, chamava-se ‘Francisco Freire’ e o “oficial malawiano que a recebeu e mandou içar fui eu”, referencia Agrelos no seu relato.
Com o comandante da lancha, seguiram o marinheiro telegrafista Mário Fernandes e o cabo fogueiro Martinica, que foram graduados, respectivamente, em segundo e primeiro sargentos da Marinha do Malawi. O resto da guarnição pertencia aos ‘Young Pioneers’, uma espécie de “guarda pretoriana” do regime ditatorial de Hastings Banda.

Manuel Agrelos acabou por ser virtual ministro da Marinha do Malawi

Agrelos faz questão de assinalar no relatório que, entre os presentes na cerimónia estava o engenheiro Jorge Jardim – pai da socialite Cinha Jardim – que ali se encontrava com o estatuto de cônsul honorário do Malawi em Moçambique. Jardim ficou, aliás, o garante do pagamento do salário a Manuel Agrelos, depositando-o numa conta bancária a que o comandante da lancha tinha acesso.
Manuel Agrelos continuava, no entanto, a depender da hierarquia da Marinha de Guerra portuguesa e era a esta que prestava contas por canais informais.

Na sua nova função, Manuel Agrelos foi algo mais que um simples oficial comandante de uma pequena lancha. Na realidade, tornou-se no ministro da Marinha malawiana. Sem qualquer apoio, sem experiência, montou toda a estrutura de informação que veio a servir os seus sucessores.
O “agente especial” português participou em algumas reuniões do Conselho de Ministros do Malawi e teve vários encontros com o então chefe de Estado do país, Hastings Banda.
Do ponto de vista estratégico-militar, graças a esta lancha, Agrelos controlava, em grande medida, o movimento de embarcações no Lago Niassa. Incluindo, portanto, as que serviam de apoio logístico à FRELIMO.

Quando se dá o 25 de Abril, as relações com o Malawi tornam-se distantes

Agrelos teve contactos mais “profundos” ou mais “ligeiros”, com altos dirigentes da FRELIMO, incluindo Eduardo Mondlane, mas o actual presidente da Federação Portuguesa de Golfe não se prontificou, até agora, a contar o “muito que soube”.
Mo relatório, assinala um dos aspectos menos conhecidos da “parceria” que envolvia a passagem da embarcação que comandava para o país: a flotilha de Metangula passava a ser abastecida por gasóleo do Malawi.

A Lancha de Desembarque Média (LDM) que ia buscar o combustível levava um logótipo da SONAP e os membros da guarnição “fardas” da mesma companhia petrolífera portuguesa.
A sua missão “tipo James Bond” decorreu, pacificamente, até que terminou a comissão de serviço em 1969.
Manuel Agrelos pertenceu ao 9º Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval (CFORN). Do seu curso, destacado para idêntica função naquela colónia como comandante de uma LFP, foi seu camarada de armas o antigo ministro Pedro Lynce de Faria.
Assim, o “agente especial” Agrelos deu lugar a outro oficial da Marinha da Reserva Naval. Outros se seguiram, incluindo alguns da Legião Naval, até ao 25 de Abril de 1974. Entretanto, o Malawi já adquirira duas lanchas portuguesas. A segunda emprestada foi a ‘Regulus’, rebatizada como ‘Chiluza’. Eram dois, agora, os oficiais lusos em actividade.

Com a revolução de Abril, a função do “James Bond” português esteve quase a terminar em tragédia.
O papel de “Ministro da Marinha" exercido por portugueses foi perdendo validade. Quando se dá o 25 de Abril, as relações tornaram-se distantes. Os comandantes das lanchas eram agora oficiais fuzileiros.
O primeiro, mais antigo, já veterano de guerra, chamava-se Lhano Preto e dirigia a ‘John Chilembwe’. O segundo, mais “marreta” e com “pouco tempo de mato”, era o subtenente Berbereira Ribeiro Moniz. Pertenciam ao 9º Destacamento de Fuzileiros Especiais.
As lanchas navegavam com cadetes dos ‘Young Pioneers’. Estabelecera-se o distanciamento entre Blantyre e as autoridades moçambicanas. Os tempos estavam a mudar.

Os salários dos agentes portugueses eram pagos por Jorge Jardim

A revolução portuguesa transtornou definitivamente os planos de Hastings Banda. O regime democrático passou a ser olhado de soslaio e os oficiais portugueses constataram essa mudança.
Em Julho de 1974, são chamados à capital malawiana. Recebem a indicação da embaixada portuguesa de que o melhor é voltarem a ter um passaporte português e se prepararem para o pior. Aliás, um dos oficiais, Lhano Preto, esteve retido momentaneamente nesse período, mas acabou por ser mandado seguir para Monkey Bay. Quando chegaram ao local verificaram que as lanchas tinham desaparecido. Vieram a saber que os cadetes as fizeram seguir para uma baía mais a sul, onde se esconderam

As “manobras” do regime de Banda foram comunicadas ao comando da esquadrilha do Niassa, que, por outro lado, recebera a indicação de Lisboa para fazer a entrega, formal e definitiva, das duas lanchas ao Malawi.
Foi nesta situação de ambiguidade que o comandante da esquadrilha, o então primeiro-tenente da Marinha Ribeiro Ferreira (hoje vice-Almirante na reserva) decidiu zarpar para resgatar os oficiais que julgava detidos.
Em acto belicoso, entrou em Monkey Bay, preparado para uma batalha naval com o apoio de duas lanchas de fiscalização, uma pequena Lancha de Fiscalização de Pesca, uma Lancha de Desembarque Média e um destacamento de fuzileiros.
Não foi preciso usar a força. Afinal, os portugueses já estavam em liberdade e aguardavam na praia de Monkey Bay a chegada da frota para se fazer a transferência pacífica das lanchas.

Os “agentes portugueses” regressaram às suas unidades. Jorge Jardim passou a fora da lei e refugiou-se no Malawi. Era agora “persona non grata” do novo regime português.
Findara deste modo, a nossa missão no Malawi. A maior parte dos nossos “Bonds malawianos” ainda é viva. São hoje pacatos cidadãos que recordam essas memórias…
Serafim Lobato

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

-" HOMENS DE LETRAS OU HOMENS DE TRETAS ?"

O anterior texto "A escrita mentirosa de António Lobo Antunes" começa a provocar reações e parece que a verdade está a querer vir à superfície.
O texto que se segue, foi me enviado para esclarecimento que eu pretendo seja extensivo a todos os leitores.
O blogue estará aberto a apoios ou contestações que julgarem pertinentes.

« Não devemos levar tão à letra (certos) homens de letra(s) ou treta(s)Tenham ou não sido Nobel.
Depois de ter lido o seu livro "Cartas da guerra", sorri incredulamente por o autor (médico) descrever acções de combate, fazendo-se passar por protagonista, qual operacional e, curioso, parecer ter-me plagiado.
Episódios de guerrilha ali narrados, parecem ter sido retirados do meu diário de guerra, escrito entre Abril de 1968 e Junho de 1971. Aquele livro do ALA teve o condão de me levar, décadas depois, a reler o meu diário. Escrita que continua a ser só do meu conhecimento, do meu foro íntimo e bem guardada.
Passei 26 meses em Angola, como atirador de Cavalaria. Parte desse tempo em sítios, entre outros, como Cuito Cuanavale, Lupire, Mavinga, Serpa Pinto; zonas de guerra idênticas àquela onde viria a estar (Luso / leste de Angola) o Batalhão (1971 a 73) a que terá pertencido o médico A. Lobo Antunes.Todavia, falando desses tempos, dou comigo, constantemente, a relembrar mais as férias, acompanhado de 3 camaradas (João Cruz, David Ribeiro e Marques dos Santos) passadas, no primeiro ano, em Nova Lisboa, Benguela e, sobretudo, Lobito (maravilhosa) e, no segundo ano (com José Cabelo em vez do David), em Lourenço Marques, Namaacha, Inhaca (ilha paradisíaca), Beira, Gorongosa, por minha opção, em vez das traumatizantes deslocações ao "Puto" e ao seio da família.
Bem hajas, mãe!

Qualquer militar que tenha servido no Ultramar (ou Colónias) - mesmo que tivesse sido mecânico, cozinheiro, enfermeiro, telegrafista, vague-mestre ou de outra especialidade de apoio ao combatente operacional - sabe que o médico era apenas... médico. E o exercício da medicina, obviamente, era no "hospital/enfermaria" (quando havia) ou, quando muito no aquartelamento. O do cozinheiro era na cozinha, no aquartelamento.
O que A. Lobo Antunes conta na sua obra - aparte as adulterações/inverdades condenáveis - será baseado nos testemunhos que ouviu, nos feridos e mortos que lhe foram enviados, à mistura com a sua imaginação, criatividade e acréscimo de pitadas de ficção, mais o empolamento próprio do escritor. Para valorização da obra e - admito - sua melhor comercialização.
Quem, daqueles que passaram pela nossa Guerra Colonial, não conhece um caso de um camarada amanuense ou fiel de armazém - "frustrado" pela sua pacata vida, para impressionar madrinhas e/ou amigos e familiares - a escrever aerogramas com imaginosos actos heróicos, sem nunca ter saído do arame farpado?

Deixemos o Lobo Antunes uivar. O homem tem a virtude de, pelo menos, relembrar uma guerra a cair no esquecimento.

Autor: César Santos (Atirador Cav.)

do 3º Grupo de combate - 5 mortos
da Comp. Cav. 2500 - 7 mortosdo
Bat. Cav. 2870 - 11 mortos (total)
(E bastantes evacuados para a Metrópole) »

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

-" António Lobo Antunes e a escrita mentirosa "

Custa-me encontrar um título apropriado à escrita de António Lobo Antunes que, podendo ganhar dinheiro com a profissão de médico, prefere a escrita para envergonhar os portugueses.

Talvez este início de crónica escandalize quem costume venerá-lo. Eu, por maior benevolência que para com ele queira usar não posso, nem devo. Por várias razões, algumas das quais vou enunciar. Porque não gosto de atirar a pedra e esconder a mão.
Este senhor foi mobilizado como médico, para a guerra do Ultramar. Nunca terá sabido manobrar uma G-3 ou mesmo uma Mauser. Certamente nem sequer chegou a conhecer a estrutura de um pelotão, de uma companhia, de um batalhão. Não era operacional mas bota-se a falar como quem pragueja. Refiro-me ao seu mais recente livro: Uma longa viagem com António Lobo Antunes.
João Céu e Silva pode reclamar alguns méritos deste tipo de escrita. Foi o entrevistador e a forma como transpõe as conversas confere-lhe alguma energia e vontade de saber até onde o entrevistado é capaz de levar o leitor. Mas as ideias, as frases, os palavrões, os impropérios, as aldrabices - sim as aldrabices - são de Lobo Antunes.
Vejamos o que ele se lembrou de vomitar na página 391:
«Eu tinha talento para matar e para morrer. No meu batalhão éramos seiscentos militares e tivemos cento e cinquenta baixas. Era uma violência indescritível para meninos de vinte e um, vinte e dois ou vinte e três anos que matavam e depois choravam pela gente que morrera. Eu estava numa zona onde havia muitos combates e para poder mudar para uma região mais calma tinha de acumular pontos. Uma arma apreendida ao inimigo valia uns pontos, um prisioneiro ou um inimigo morto outros tantos pontos. E para podermos mudar, fazíamos de tudo, matar crianças, mulheres, homens. Tudo contava, e como quando estavam mortos valiam mais pontos, então não fazíamos prisioneiros».

Penso que isto que deixo transcrito da página 391 do seu referido livro, se vivêssemos num país civilizado e culto, com valores básicos a uma sociedade de mente sã e de justiça firme, bastaria para internar este «escriba», porque todo o livro é uma humilhação sistemática e nauseabunda, aos Combatentes Portugueses que prestaram serviço em qualquer palco de operações, além fronteiras. É um severo ataque à Instituição militar e uma infâmia aos comandantes de qualquer ramo das Forças Armadas, de qualquer estrutura hierárquica e de qualquer frente de combate. Isto que Lobo Antunes escreve e lhe permite arrecadar «350 contos por mês da editora» (p. 330), deveria ser motivo de uma averiguação pelo Ministério Público. Porque em democracia, não deve poder dizer-se tudo, só porque há liberdade para isso. Essa liberdade que Lobo Antunes usou para enriquecer à custa o marketing que os mass media repercutem, sem remoques, porque se trata de um médico com irmãos influentes na política, ofendeu um milhão de Combatentes, o Ministério da Defesa, uma juventude desprevenida, porque vai ler estes arrotos literários, na convicção de que foi assim que fez a Guerra, entre 1961 e 1974. E ofende, sobretudo, a alma da Portugalidade porque a «aldeia global» a que pertencemos vai pensar que isto se passou na vida real nos finais do século XX.

Fui combatente, em Angola, uns anos antes de Lobo Antunes. Também, como ele fui alferes miliciano (ranger). Estive numa zona muito mais perigosa do que ele: nos Dembos, com operações no Zemba, na Maria Fernanda, em Nuambuangongo, na Mata Sanga, na Pedra Verde, enfim, no coração da guerra. Nunca um militar, qualquer que fosse a sua graduação ou especialidade, atirou a matar. Essa linguagem dos pontos é pura ficção. E essa de fazer cordões com orelhas de preto, nem ao diabo lembraria. E pior do que tudo é a maldade com que escarrou no seu próprio batalhão que tinha seiscentos militares e registou centena e meia de baixas...Como se isto fosse crível!
Se o seu comandante que na altura deveria ser tenente-coronel, mais o segundo comandante, os capitães, os alferes, os sargentos e os soldados em geral, lerem estas aldrabices e não exigirem uma explicação pública, ficarão na história da guerra do Ultramar como protagonistas de um filme que de realidade não teve ponta por onde se lhe pegue.
Em primeiro lugar esta mentira pública atinge esses heróicos combatentes, tão sérios como todos os outros. Porque não há memória de um único Batalhão ter um décimo das baixas que Lobo Antunes atribui àquele de que ele próprio fez parte. É preciso ter lata para fazer afirmações tão graves sobre profissionais que para serem diferentes deste relatório patológico, basta terem a seu lado a Bandeira Portuguesa e terem jurado servi-la e servir a Pátria com honra, dignidade e humanismo. Não conheço nenhum desses seiscentos militares que acolheram António Lobo Antunes no seu seio e até trataram bem a sua mulher que lhes fez companhia, em pleno mato, segundo escreve nas páginas 249 e 250. Mereciam eles outro respeito e outros elogios. Porque insultos destes ouvimos e lemos muitos, no tempo do PREC. Mas falsidades tão obscenas, nem sequer foram ditas por Otelo Saraiva de Carvalho, quando mandou prender inocentes, com mandados de captura, em branco e até quando ameaçou meter-me e a tantos, no Campo Pequeno para a matança da Páscoa. Estas enormidades não matam o corpo, mas ferem de morte a alma da nossa Epopeia Nacional.

Autoria: Barroso da Fonte

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

- "Vozes de burro não chegam ao céu"



Adjectivos são fáceis de encontrar !... Ignorante, estúpido, mentecapto, faccioso, etc. etc. Mas contra isso nada podemos fazer. Cada um é como é.

O vídeo, o pedido de desculpas, os comentáriosa justificando a incapacidade mental… nada disso tem importância. São somente prova de que se pode ser, ao mesmo tempo, célebre e estúpido.

A parte importante da questão é a atitude da produção do programa e os motivos pelos quais puseram o vídeo no ar.
Sobre isto é que se deve reflectir e questionar a posição das emissoras de televisão brasileiras que emitem em Portugal.


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

sábado, 8 de agosto de 2009

-" CLAUSURA "



Sou um quarto fechado
com fotografias nas paredes
e espessas cortinas sobre os olhos
macio carpete de sofrimentos
para o andar descalço

Tranquei as portas deste corpo

Posso te ouvir bater
não me abro
Porque quero que me cerques
por todas as janelas e portas
impossíveis

Se conseguires entrar
ilumine os corredores
que tenho percorrido
tentando encontrar
a mim mesma

Deito na cama fria
das entranhas
e não durmo

Tua voz é o som da noite.

Texto de Adriana Costa especialmente para o blogue Rosa dos Ventos.Imagem: Praia do Murubira, Ilha de Mosqueiro, Pará, por Adriana Costa.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Lusofonia

Texto de Adriana Costa


«Gosto de sentir minha língua roçar a língua de Luís de Camões» (Caetano Veloso)

Palavras tuas, ou minhas.
Por naus ou jangadas levadas
Disseminam uma nova pátria
Menos tua menos minha, universal.

Gramática perfeita para sentimentos
Latinos, lusitanos ou africanos.
A bacanal de palavras portuguesas
Atravessa mares com apelo sensual.

Em Agostinho da Silva a lição
A crítica apaixonada de Gilberto Freyre
Sobre a cultura em si una e plural.

Diversos sabores de uma mesma língua
Como correntes marítimas a ligar o mesmo mar
Une-nos a língua a Portugal.

Poema publicado nos blogues:
"Versos Bárbaros" ( http://versosbarbaros.blogspot.com/ )
"Rosa dos Ventos" ( http://rosadosventosnorton.blogspot.com/ )
"Nova Águia" ( http://novaaguia.bolgspot.com/ ) e
"Bar do Ossian"


sábado, 14 de fevereiro de 2009

« DESAFINADO »


Faz agora 50 anos que João Gilberto e Tom Jobim criaram o seu "Desafinado", que foi o passaporte para a internacionalização da "Bossa-Nova". Primorosa composição que de desafinado nada tinha a não ser o que os seus compositores queriam que parecesse desafinar.
Como a Literatura, a Música é, também, um precioso elemento de ligação e um priveligiado meio de unir os povos duma mesma Língua.
Mesmo que a CPLP os esqueça e por muito singela que seja esta homenagem a estes dois grandes compositores da lusofonia, eu, pelo menos, fico com a grande alegria de não os ter esquecido.

Fonte: http://rosadosventosnorton.blogspot.com/

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

- A 5ª COLUNA DA LUSOFONIA -


A 5ª coluna da lusofonia é, indubitavelmente, a Comunicação Social.Com os seus órgãos e os seus agentes, a Comunicação Social, salvo raras e honrosas excepções, é um factor de clivagem dentro das sociedades lusófonas e entre uns e outros. Ela actua em todos os sectores, desde a Literatura à Televisão, passando pela Imprensa e pela Rádio.Actuando de forma consciente uns, por seguidismo outros, os elementos desta 5ª coluna movimentam-se, principalmente, nos dois Países que mais responsabilidade têm na preservação da Lusofonia.O modo de actuar é bem insidioso, assumindo a forma de afirmações, insinuações e um mau tratamento despudorado da Língua. Despudorado, porque ao mau tratamento que se dá à Língua, embora a maioria o faça por ignorância e má formação profissional, os responsáveis com boa formação assistem impávidos aos erros que se cometem. Não me acredito que eles não detectem o erro quando um jornalista começa uma oração no pretérito perfeito e a termina no presente-do-indicativo; ou que substitua o condicional pelo indicativo ou que deixe de usar os verbos no futuro.Sei que alguns “democratas” irão dizer que isso são alterações que a Língua vai sofrendo e que são um sinal de vitalidade. Se isso é vitalidade, prefiro, então, a modorra das terras do interior onde ainda consigo ouvir português bem falado.Na realidade, para ouvir um português bem falado não tenho necessidade de me refugiar no interior de Portugal. Posso fazê-lo sempre que vou ao Brasil porque, doa a quem doer, no Brasil fala-se português melhor do que em Portugal. Estou a referir-me, logicamente, à classe média que é onde a Língua faz escola, na falta imperdoável e ridícula duma instituição que a normalize. Agora, que houve o Acordo Ortográfico, será uma boa altura para colmatar essa brecha, até porque a falta dele deixa de ser desculpa.Os exemplos são infindáveis, mas irei mencionar apenas alguns que tiveram como palco da tragédia instituições que prestam Serviço Público ou que, pelo menos, deveriam prestar. Basta debruçarmo-nos sobre a RDP e a RTP.Na RDP, temos a realizadora Madalena Balsa que apresenta excelentes programas mas que ao entrevistar uma escritora portuguesa que reside no estrangeiro e escreve em inglês, lamentou ela não ter sido traduzida “própriamente para português, foi traduzida para brasileiro”!...;-temos a realizadora Ana Aranha, que além de nos presentear com alguns excelentes trabalhos, há pouco tempo nos apresentou um programa no aniversário da queda da cadeira de Salazar, para o qual convidou só figuras de “esquerda” e onde o Snr.Fernando Rosas, com a falta de isenção que lhe é habitual, afirmou que quando se deu o 25 de Abril Portugal tinha a guerra em África perdida. Ora, qualquer pessoa razoavelmente informada sabe que isso não é verdade. Para fazer essa afirmação tão peremptória será que ele esteve lá ou será que assistiu aos noticiários em Argel ou refúgios semelhantes?;- temos os locutores, quase sem excepção, a dizerem Flórida em vez de Florida ( por coerência deveriam dizer New York e London em vez de Nova Iorque e Londres).Na RTP, temos o Snr. Júlio Isidro a mencionar as letras das canções em “brasileiro”, temos o Snr. Francisco José Viegas a dizer, de Manaus, que “não há dúvida que aqui fala-se outra Língua” e, para fechar com chave-de-ouro, registo a “brilhante” e “educativa” actuação, neste palco de desgraças, do autor do programa “Cuidado com a Língua” (mais propriamente se deveria chamar Cuidado com o Autor) que, no programa da semana passada, ao dissertar sobre o vocábulo Cuba teve a ideia peregrina de afirmar que Colon deu á ilha de Cuba este nome porque era o nome que os indígenas usavam.Mas o fenómeno, como acima disse, é comum a ambos os lados do Atlântico. Para as Rádios e Televisões do Brasil, é como se Portugal não existisse. Não transmitem música portuguesa, não exibem programas portugueses e quase parece que evitam falar de Portugal. Visto as Televisões estarem dominadas por descendentes de italianos este posicionamento não me surpreende. Temos bem perto de nós o exemplo da TV Record.O que é isto, meus senhores?!...Isto não é só ignorância; é a forma típica de actuação de uma 5ªcoluna
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