CONTINUAREI A PESAR O VOSSO COMPORTAMENTO PARA AVALIAR SE MERECEIS SER TRANSPORTADOS NA MINHA BARCA

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

-" Ao entrar no Ano-Novo..."

Ao entrar no Novo Ano lembre-se como a nossa Casa-Terra é bonita...





... trate bem a água, o nosso bem mais precioso...



e respeite a Natureza. Ela lhe retribuirá...






terça-feira, 15 de dezembro de 2009

-" OS MAIORES SALÁRIOS "

Autoria de: Helena Cristina e Raquel Lito

Numa empresa, pagam-se salários de apenas 450 euros e outros que rebentam completamente a escala. A SÁBADO apurou alguns dos vencimentos mensais mais altos pagos em Portugal e comparou-os com outros mais baixos. Apesar de a crise económica ter obrigado a fazer cortes, há números impressionantes.






sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

-"Conquistando os corações se vence a luta "

Deixo aqui o meu modesto contributo para ajudar a desmistificar o conteúdo desse livro de António Lobo Antunes que não li, no intuito de evitar que gerações posteriores retenham uma imagem falsa da actuação das nossas gentes numa Guerra que não poderemos nunca ignorar e esquecer.
Distancio-me, no entanto, de alguma fraseologia precedente, nesta mensagem, quer por parte dela, na minha opinião, ser impertinente para o tema em questão quer pela descontextualização em que se insere.

Um escritor, mesmo ficcionando sobre um tema como este, deverá, a meu ver, ter preocupação de não distorcer realidades históricas, sob pena da sua obra ser ignorada ou menosprezada pelos leitores que viveram essa realidade.

Li e tenho o livro "Os Cus de Judas" de Lobo Antunes, tema todo ele dedicado à sua permanência nas Terras-do-Fim-do-Mundo (Os Cus-de-Judas). Li com satisfação, gostei muito, talvez por se reportar a chãos que já pisei.

Conquistando os Corações Se Vence A Luta - esse era o lema do Batalhão de Caçadores 2872 - o meu Batalhão. Este lema anula qualquer alusão selvática da nossa postura em terras de além-mar.
Fiz parte da Companhia de Caçadores 2506, que teve um único morto (por suicídio, em Teixeira de Sousa) e vários feridos em acidentes, alguns dos quais evacuados para a Metrópole e que não regressaram mais a Angola.
Como o meu Batalhão ficou, logo à chegada a Luanda, às ordens do Quartel-General, como reforço operacional, a minha Companhia, nos intervalos de serviço à Rede que circundava Luanda, fez duas operações no Norte de Angola, mais propriamente no Zenza do Itombe. Deslocámo-nos depois para o Kuando-Kubango (as chamadas Terras-do-Fim-do-Mundo) onde permanecemos durante 10 meses na Coutada de Mucusso a reforçar o Batalhão de Cavalaria 2870, a que o César faz referência no texto anterior.
Lá, as Nossas Tropas sofreram feridos vários e alguns mortos do Grupo Flechas, que actuavam conjuntamente connosco. Vítima de uma Mina Anti-Carro, morreu também um Condutor da Companhia de Transportes, sediada em Serpa Pinto, de seu nome Maia e que era do Montijo, que se deslocou à Coutada integrado numa coluna para apoio logístico com vista a uma operação de grande envergadura que se veio a realizar na área.
Rodámos, depois, para o Leste, mais propriamente para Lucusse, próximo ao Luso, onde terminámos a Comissão.

Dos citados, deixo aqui um abraço ao Cruz, que vive no Porto, ao David Ribeiro, meu colega de profissão e de Banco, e ao Favas Cabelo, ribatejano, que sei que está doente, e que já não vejo há mais de 40 anos.

Autor: Carlos Jorge Mota

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

-" HOMENS DE LETRAS OU HOMENS DE TRETAS ?"

O anterior texto "A escrita mentirosa de António Lobo Antunes" começa a provocar reações e parece que a verdade está a querer vir à superfície.
O texto que se segue, foi me enviado para esclarecimento que eu pretendo seja extensivo a todos os leitores.
O blogue estará aberto a apoios ou contestações que julgarem pertinentes.

« Não devemos levar tão à letra (certos) homens de letra(s) ou treta(s)Tenham ou não sido Nobel.
Depois de ter lido o seu livro "Cartas da guerra", sorri incredulamente por o autor (médico) descrever acções de combate, fazendo-se passar por protagonista, qual operacional e, curioso, parecer ter-me plagiado.
Episódios de guerrilha ali narrados, parecem ter sido retirados do meu diário de guerra, escrito entre Abril de 1968 e Junho de 1971. Aquele livro do ALA teve o condão de me levar, décadas depois, a reler o meu diário. Escrita que continua a ser só do meu conhecimento, do meu foro íntimo e bem guardada.
Passei 26 meses em Angola, como atirador de Cavalaria. Parte desse tempo em sítios, entre outros, como Cuito Cuanavale, Lupire, Mavinga, Serpa Pinto; zonas de guerra idênticas àquela onde viria a estar (Luso / leste de Angola) o Batalhão (1971 a 73) a que terá pertencido o médico A. Lobo Antunes.Todavia, falando desses tempos, dou comigo, constantemente, a relembrar mais as férias, acompanhado de 3 camaradas (João Cruz, David Ribeiro e Marques dos Santos) passadas, no primeiro ano, em Nova Lisboa, Benguela e, sobretudo, Lobito (maravilhosa) e, no segundo ano (com José Cabelo em vez do David), em Lourenço Marques, Namaacha, Inhaca (ilha paradisíaca), Beira, Gorongosa, por minha opção, em vez das traumatizantes deslocações ao "Puto" e ao seio da família.
Bem hajas, mãe!

Qualquer militar que tenha servido no Ultramar (ou Colónias) - mesmo que tivesse sido mecânico, cozinheiro, enfermeiro, telegrafista, vague-mestre ou de outra especialidade de apoio ao combatente operacional - sabe que o médico era apenas... médico. E o exercício da medicina, obviamente, era no "hospital/enfermaria" (quando havia) ou, quando muito no aquartelamento. O do cozinheiro era na cozinha, no aquartelamento.
O que A. Lobo Antunes conta na sua obra - aparte as adulterações/inverdades condenáveis - será baseado nos testemunhos que ouviu, nos feridos e mortos que lhe foram enviados, à mistura com a sua imaginação, criatividade e acréscimo de pitadas de ficção, mais o empolamento próprio do escritor. Para valorização da obra e - admito - sua melhor comercialização.
Quem, daqueles que passaram pela nossa Guerra Colonial, não conhece um caso de um camarada amanuense ou fiel de armazém - "frustrado" pela sua pacata vida, para impressionar madrinhas e/ou amigos e familiares - a escrever aerogramas com imaginosos actos heróicos, sem nunca ter saído do arame farpado?

Deixemos o Lobo Antunes uivar. O homem tem a virtude de, pelo menos, relembrar uma guerra a cair no esquecimento.

Autor: César Santos (Atirador Cav.)

do 3º Grupo de combate - 5 mortos
da Comp. Cav. 2500 - 7 mortosdo
Bat. Cav. 2870 - 11 mortos (total)
(E bastantes evacuados para a Metrópole) »

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

-" António Lobo Antunes e a escrita mentirosa "

Custa-me encontrar um título apropriado à escrita de António Lobo Antunes que, podendo ganhar dinheiro com a profissão de médico, prefere a escrita para envergonhar os portugueses.

Talvez este início de crónica escandalize quem costume venerá-lo. Eu, por maior benevolência que para com ele queira usar não posso, nem devo. Por várias razões, algumas das quais vou enunciar. Porque não gosto de atirar a pedra e esconder a mão.
Este senhor foi mobilizado como médico, para a guerra do Ultramar. Nunca terá sabido manobrar uma G-3 ou mesmo uma Mauser. Certamente nem sequer chegou a conhecer a estrutura de um pelotão, de uma companhia, de um batalhão. Não era operacional mas bota-se a falar como quem pragueja. Refiro-me ao seu mais recente livro: Uma longa viagem com António Lobo Antunes.
João Céu e Silva pode reclamar alguns méritos deste tipo de escrita. Foi o entrevistador e a forma como transpõe as conversas confere-lhe alguma energia e vontade de saber até onde o entrevistado é capaz de levar o leitor. Mas as ideias, as frases, os palavrões, os impropérios, as aldrabices - sim as aldrabices - são de Lobo Antunes.
Vejamos o que ele se lembrou de vomitar na página 391:
«Eu tinha talento para matar e para morrer. No meu batalhão éramos seiscentos militares e tivemos cento e cinquenta baixas. Era uma violência indescritível para meninos de vinte e um, vinte e dois ou vinte e três anos que matavam e depois choravam pela gente que morrera. Eu estava numa zona onde havia muitos combates e para poder mudar para uma região mais calma tinha de acumular pontos. Uma arma apreendida ao inimigo valia uns pontos, um prisioneiro ou um inimigo morto outros tantos pontos. E para podermos mudar, fazíamos de tudo, matar crianças, mulheres, homens. Tudo contava, e como quando estavam mortos valiam mais pontos, então não fazíamos prisioneiros».

Penso que isto que deixo transcrito da página 391 do seu referido livro, se vivêssemos num país civilizado e culto, com valores básicos a uma sociedade de mente sã e de justiça firme, bastaria para internar este «escriba», porque todo o livro é uma humilhação sistemática e nauseabunda, aos Combatentes Portugueses que prestaram serviço em qualquer palco de operações, além fronteiras. É um severo ataque à Instituição militar e uma infâmia aos comandantes de qualquer ramo das Forças Armadas, de qualquer estrutura hierárquica e de qualquer frente de combate. Isto que Lobo Antunes escreve e lhe permite arrecadar «350 contos por mês da editora» (p. 330), deveria ser motivo de uma averiguação pelo Ministério Público. Porque em democracia, não deve poder dizer-se tudo, só porque há liberdade para isso. Essa liberdade que Lobo Antunes usou para enriquecer à custa o marketing que os mass media repercutem, sem remoques, porque se trata de um médico com irmãos influentes na política, ofendeu um milhão de Combatentes, o Ministério da Defesa, uma juventude desprevenida, porque vai ler estes arrotos literários, na convicção de que foi assim que fez a Guerra, entre 1961 e 1974. E ofende, sobretudo, a alma da Portugalidade porque a «aldeia global» a que pertencemos vai pensar que isto se passou na vida real nos finais do século XX.

Fui combatente, em Angola, uns anos antes de Lobo Antunes. Também, como ele fui alferes miliciano (ranger). Estive numa zona muito mais perigosa do que ele: nos Dembos, com operações no Zemba, na Maria Fernanda, em Nuambuangongo, na Mata Sanga, na Pedra Verde, enfim, no coração da guerra. Nunca um militar, qualquer que fosse a sua graduação ou especialidade, atirou a matar. Essa linguagem dos pontos é pura ficção. E essa de fazer cordões com orelhas de preto, nem ao diabo lembraria. E pior do que tudo é a maldade com que escarrou no seu próprio batalhão que tinha seiscentos militares e registou centena e meia de baixas...Como se isto fosse crível!
Se o seu comandante que na altura deveria ser tenente-coronel, mais o segundo comandante, os capitães, os alferes, os sargentos e os soldados em geral, lerem estas aldrabices e não exigirem uma explicação pública, ficarão na história da guerra do Ultramar como protagonistas de um filme que de realidade não teve ponta por onde se lhe pegue.
Em primeiro lugar esta mentira pública atinge esses heróicos combatentes, tão sérios como todos os outros. Porque não há memória de um único Batalhão ter um décimo das baixas que Lobo Antunes atribui àquele de que ele próprio fez parte. É preciso ter lata para fazer afirmações tão graves sobre profissionais que para serem diferentes deste relatório patológico, basta terem a seu lado a Bandeira Portuguesa e terem jurado servi-la e servir a Pátria com honra, dignidade e humanismo. Não conheço nenhum desses seiscentos militares que acolheram António Lobo Antunes no seu seio e até trataram bem a sua mulher que lhes fez companhia, em pleno mato, segundo escreve nas páginas 249 e 250. Mereciam eles outro respeito e outros elogios. Porque insultos destes ouvimos e lemos muitos, no tempo do PREC. Mas falsidades tão obscenas, nem sequer foram ditas por Otelo Saraiva de Carvalho, quando mandou prender inocentes, com mandados de captura, em branco e até quando ameaçou meter-me e a tantos, no Campo Pequeno para a matança da Páscoa. Estas enormidades não matam o corpo, mas ferem de morte a alma da nossa Epopeia Nacional.

Autoria: Barroso da Fonte